A construção do futuro bem pelas mãos delas!

11/02/2022

O Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência é comemorado no dia 11 de fevereiro. A data foi instituída pela ONU em 2016, com o objetivo de promover o acesso integral e igualitário da participação de mulheres e meninas na ciência. Esse dia é um lembrete de que elas desempenham um papel fundamental nas comunidades da ciência e tecnologia e que a sua participação deve ser fortalecida e que a luta pelos direitos da mulher, devem perpetuar para que a igualdade seja fortalecida e alcançada.   

Todos os dias mulheres e meninas trabalham pela transformação do mundo, gerando um futuro mais seguro e sustentável. Elas estão em todos os lugares, inclusive na área da saúde, fazendo história e inovando todos os dias. Mas a diferença de gênero ainda é algo que não podemos esquecer: Segundo a Unesco, há somente 28% de pesquisadoras e cientistas mulheres no mundo. E, de acordo com o Fórum Econômico Mundial, as mulheres ganham um emprego na área das ciências para cada 20 perdidos, enquanto os homens ganham um a cada quatro. 

Mas vamos relembrar aqui, algumas mulheres que fizeram e fazem história na área da saúde e na busca pelos direitos que temos até hoje.   

BERTHA LUTZ (1894 – 1976)  

A bióloga Bertha Lutz entrou por concurso no Museu Nacional, na UFRJ, em 1919, e foi a segunda brasileira a se tornar funcionária pública no Brasil. Foi chefe do setor de Botânica do Museu Nacional e obteve reputação internacional como cientista especializada em anfíbios. Filha do cientista Adolfo Lutz e da enfermeira inglesa Amy Fowler, Bertha era formada em Ciências na Universidade de Sorbonne, em Paris. Feminista, atuou ativamente na campanha pelo direito de votar e ser votada das mulheres, organizou eventos feministas e esteve à frente da criação de entidades de defesa do direito da mulher. Em 1945, foi a única mulher da delegação brasileira a participar na Conferência de São Francisco, que criou a ONU, e uma das principais responsáveis pela inserção da igualdade de direitos entre homens e mulheres na carta de criação da organização.  

CAROLINA MARTUSCELLI BORI (1914-2004)  

CAROLINA MARTUSCELLI BORI

Pedagoga, com especialização em psicologia educacional, Carolina Bori foi pioneira do estudo da psicologia no país e procurou integrá-la ao campo da Educação e Ciência. Foi professora, pesquisadora, militante. Lutou pela implantação de cursos de Psicologia e de laboratórios em todo o país e regulamentação da profissão. Realizou as primeiras pesquisas de campo em Psicologia Social no país, introduziu a análise experimental do comportamento e desenvolveu o sistema personalizado de ensino. Participou da criação de entidades como a Sociedade Brasileira de Psicologia e foi a primeira mulher presidente da SBPC. Em sua gestão, inovou na divulgação científica. Em 2019, a entidade lançou o prêmio “Carolina Bori Ciência & Mulher” para destacar e homenagear cientistas (atuais e futuras). 

RITA LOBATO (1866-1954)  

Rita Lobato Velho Lopes foi a primeira mulher diplomada em Medicina no Brasil e uma das primeiras na América do Sul. Sua tese “Paralelo entre os métodos preconizados na operação cesariana”, defendida em 1887, foi considerada ousada para a época e surpreendeu os professores. Rita se especializou em ginecologia e pediatria e exerceu a profissão até 1925. Sob influência da bióloga e ativista Bertha Lutz,  a médica apoiou o movimento feminista na luta pelo direito ao voto, na década de 30. Na política, foi a primeira mulher eleita vereadora da cidade de Rio Pardo, no Rio Grande do Sul, em 1934. Em 1937, foi cassada pelo Estado Novo, na ditadura do presidente Getúlio Vargas. Continuou a participar politicamente até sua morte. 

RUTH SONNTAG NUSSENZWEIG (1928-2018)  

RUTH SONNTAG NUSSENZWEIG

Criada em São Paulo, a austríaca Ruth chegou ao Brasil com 11 anos junto com os pais que fugiram da ocupação nazista. Formada em medicina pela Universidade de São Paulo, lá conheceu Vitor Nussenzweig, seu marido e parceiro de trabalho. Ruth desenvolveu um método capaz de identificar a presença do parasito do mal de Chagas em possíveis doentes e, em 1967, de forma pioneira, imunizou roedores contra a malária, abrindo caminho para o desenvolvimento de uma vacina para a doença. Pesquisadora de renome internacional, integrou grupos de trabalho e missões em todo o mundo e recebeu prêmios e condecorações, como a Ordem Nacional do Mérito Científico, concedida em 1998. Foi a primeira pesquisadora brasileira eleita, em 2013, membro da Academia de Ciências dos Estados Unidos, e a primeira a chefiar a divisão de Parasitologia da Universidade de Nova York, onde ser radicou, após 1964. 

SUZANA HERCULANO-HOUZEL  (1972)  

Os estudos da neurocientista Suzana Herculano-Houze procuram desvendar os mistérios do cérebro humano e como ele se tornou o que é. Bióloga, Suzana desenvolveu, juntamente com o colega Robert Lent, um método de contagem de neurônios em cérebros humanos e de outros animais. O estudo é importante para compreender a evolução humana. A pesquisadora é autora de vários livros para o grande público e atua fortemente na área da divulgação e popularização científica, trazendo a neurociência para o cotidiano das pessoas. Em 2004, recebeu a Menção Honrosa do Prêmio José Reis de Divulgação Científica pelo conjunto do seu trabalho. É professora da Universidade Vanderbilt, nos Estados Unidos, onde pesquisa as regras de construção do sistema nervoso central em humanos e outras espécies, e continua popularizando questões científicas. 

ANA NERI – (1814-1880)  

ANA NERI

A convocação de dois filhos e de um irmão motivaram Ana Justina Ferreira Neri a pedir alistamento na Guerra do Paraguai (1864-1870). Integrante do 10º Batalhão de Voluntários da Pátria, Ana atuou em hospitais militares e na frente de operações. Sem formação em saúde, adquiriu conhecimentos e impôs condições mínimas de higiene para o controle de doenças: organizou os hospitais de campanha e montou a primeira enfermaria em sua casa, em Assunção. Ficou cinco anos na guerra, onde perdeu um filho e um sobrinho. Voltou ao Brasil com seis meninas órfãs brasileiras. Foi recebida com louvor e agraciada com medalhas e uma pensão vitalícia. Ana é tida como a primeira enfermeira do Brasil, deu nome à primeira escola de enfermagem e inspirou a criação do Dia do Enfermeiro (12/5). Foi a primeira mulher a entrar para o Livro dos heróis e das heroínas da pátria, depositado no Panteão da liberdade e da democracia, em Brasília, em 2009. 

MARIA DEANE (1916-1995)  

Maria José Von Paumgartten Deane é uma das mais destacadas protozoologistas brasileiras e publicou mais de 150 trabalhos em periódicos nacionais e estrangeiros. Junto ao marido Leônidas de Melo Deane, também parasitologita, dedicou-se às pesquisas de campo e de laboratório, fundamentais no combate a males endêmicos como malária, filariose, leishmaniose visceral, verminose e leptospirose. Juntos, eles ajudaram a fundar o Instituto de Patologia Experimental do Norte, o Instituto Evandro Chagas, o Serviço de Malária do Nordeste e o Serviço Especial de Saúde Pública. O casal exilou-se em Portugal e Venezuela no período da ditadura militar. De volta ao Brasil, em 1980, Maria Deane chefiou o departamento de Protozoologia do Instituto Oswaldo Cruz (hoje Fiocruz), onde também foi vice-diretora. Hoje, o nome da sede da Fiocruz na Amazônia homenageia o casal. 

ZILDA ARNS NEUMANN (1934-2010) 

ZILDA ARNS NEUMANN

Reconhecida em todo o mundo por seu trabalho, a médica Zilda Arns Neumann fundou e foi coordenadora internacional da Pastoral da Criança, programa de ação social que se expandiu por diversos países, e também da Pastoral da Pessoa Idosa. Dedicou sua vida a diminuir a desigualdade e desenvolveu um programa de atenção visando salvar crianças pobres da mortalidade infantil e desnutrição, por meio da popularização do soro caseiro e da multimistura. Zilda criou metodologias próprias para replicar o conhecimento, respeitando o saber e a cultura local. Foi três vezes indicada ao Prêmio Nobel da Paz pelo Brasil. Coordenava cerca de 155 mil voluntários, presentes em mais de 32 mil comunidades em bolsões de pobreza em mais de 3,5 mil cidades brasileiras. Ela estava em missão humanitária quando morreu no terremoto que devastou o Haiti, em 2010. 

NISE DA SILVEIRA (1905 -1999)  

Nise da Silveira foi a única mulher a se formar em medicina em sua turma pela Faculdade de Medicina da Bahia. Como psiquiatra, humanizou o tratamento e combateu fortemente tratamentos desumanos e agressivos, comuns à época, como o eletrochoque, a lobotomia, o coma insulínico e o confinamento. Foi pioneira no uso da arte como terapia ocupacional e na interação de pacientes com animais. Criou o Museu de Imagens do Inconsciente, no Rio de Janeiro, e a Casa das Palmeiras, primeira clínica brasileira para tratamento psiquiátrico em regime de externato. Nise introduziu a psicologia junguiana no Brasil. Autora de vários livros, recebeu condecorações, títulos e prêmios. Seu trabalho e princípios inspiraram a criação de museus, centros culturais e instituições psiquiátricas no Brasil e no exterior.

Nise da Silveira foi a única mulher a se formar em medicina em sua turma pela Faculdade de Medicina da Bahia. Como psiquiatra, humanizou o tratamento e combateu fortemente tratamentos desumanos e agressivos, comuns à época, como o eletrochoque, a lobotomia, o coma insulínico e o confinamento. Foi pioneira no uso da arte como terapia ocupacional e na interação de pacientes com animais. Criou o Museu de Imagens do Inconsciente, no Rio de Janeiro, e a Casa das Palmeiras, primeira clínica brasileira para tratamento psiquiátrico em regime de externato. Nise introduziu a psicologia junguiana no Brasil. Autora de vários livros, recebeu condecorações, títulos e prêmios. Seu trabalho e princípios inspiraram a criação de museus, centros culturais e instituições psiquiátricas no Brasil e no exterior. 

CELINA TURCHI MARTELLI (1969)  

A médica epidemiologista Celina Turchi foi a responsável por comprovar cientificamente a associação entre o vírus zika e os casos de microcefalia que passaram a surgir em maternidades do Recife, em 2015. Celina coordena o Grupo de Pesquisa da Epidemia da Microcefalia (Merg), uma força-tarefa que produziu evidências que orientam o trabalho de prevenção e acompanhamento às mulheres grávidas de áreas de risco em todo o mundo. Celina foi eleita um dos dez nomes de maior destaque da ciência, em 2016, pela revista Nature, e figurou na lista de 100 pessoas mais influentes do mundo pela revista Time, em 2017. Formada pela Universidade Federal de Goiás, é pesquisadora-visitante do Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães (CPQAM/Fiocruz) em Pernambuco. Foi eleita para a Academia Brasileira de Ciências em 2017. 

ADRIANA MELO (1969)

Adriana Melo foi a primeira profissional de saúde a apresentar provas da relação entre o zika vírus e a microcefalia. Graduada pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), voltou à Paraíba para criar um serviço até então inexistente no estado. Adriana é presidente do Instituto de Pesquisa Professor Joaquim Amorim Neto (Ipesq), uma organização civil sem fins lucrativos, fundada em 2008 em Campina Grande, que desenvolve estudos na área de saúde do feto e da criança, em parceria com universidades. A instituição associa o atendimento integral aos pacientes e seus familiares à promoção de pesquisa científica sobre as consequências de longo prazo em crianças de microcefalia e síndrome congênita da Zika. Juntamente com Celina Turchi, recebeu o Prêmio Faz Diferença, do jornal O Globo, em 2016.

As mulheres seguem fazendo história e compondo grupos de pesquisa que auxiliam no desenvolvimento e descobertas em saúde todos os dias. O caso mais recente e que merece nosso reconhecimento e menção por aqui, é Jaqueline Goes de Jesus, cientista que mapeou o genoma do coronavirus e foi homenageada pelo Conselho Nacional de Saúde no fim de 2021. A Cientista brasileira integrou a equipe que mapeou os primeiros genomas do novo coronavírus (SARS-CoV-2) no Brasil em apenas 48 horas após a confirmação do primeiro caso de Covid-19 no país. A média no resto do mundo para esse mapeamento foi de 15 dias. A sequenciação permitiu diferenciar o vírus que infectou o paciente brasileiro do genoma identificado em Wuhan, o epicentro da epidemia na China.  

As que estão fazendo história a frente da Pandemia do COVID-19 

As atenções ciência nos últimos meses (e do mundo!) estão voltadas para a pandemia da COVID-19 e outras diversas cientistas se destacaram, trabalhando em diferentes linhas de pesquisa e projetos, desde a identificação do coronavírus até a produção das vacinas e a divulgação científica. São elas:  

Ester Cerdeira Sabino 

A Dra. Ester Sabino é médica, com doutorado em imunologia pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente é professora associada do Departamento de Moléstias Infecciosas da Faculdade de Medicina da USP, participando de projetos de sequenciamento do genoma do Zika vírus, além de ter sido diretora do Instituto de Medicina Tropical da USP. 

Daniela Barretto Barbosa Trivella 

Daniela Trivella é graduada em Ciências Biológicas, com mestrado em Biotecnologia na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e doutorado em Ciências Físicas Biomoleculares pela USP. Também realizou pós-doutorado na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), na Universidade da Califórnia (EUA) e na Universidade de Nottingham (Inglaterra). Na pandemia coordena a força-tarefa da COVID-19 do LNBio/CNPEM, que abrange projetos de estudos estruturais e biofísicos com proteínas do SARS-CoV-2 e reposicionamento de fármacos contra a COVID-19. A estratégia é buscar algum medicamento já existente, e utilizado para uma outra doença, que tenha eficácia contra o coronavírus. 

Nísia Verônica Trindade Lima 

Nísia Trindade atualmente é presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a primeira mulher a ocupar esse cargo em 120 anos da Instituição. É graduada em Ciências Sociais pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), mestre em Ciência Política e doutora em Sociologia pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (IESP) e lidera as ações da Fiocruz durante a pandemia da COVID-19.  

Natália Pasternak Taschner 

Natália Pasternak é uma divulgadora científica que teve um papel de destaque na promoção da divulgação científica sobre a COVID-19.  A Dra. Natália é graduada em Ciências Biológicas e doutora em Microbiologia pelo Instituto de Ciências Biológicas da USP com pós-doutorado também pelo mesmo programa.  

Daniela Mulari Ferreira 

Daniela Ferreira foi a primeira mulher a chefiar o departamento de Ciências Clínicas da Escola de Medicina Tropical de Liverpool no Reino Unido, coordenando os centros que estudam a eficácia da vacina contra a COVID-19 desenvolvida pela Universidade de Oxford e pela farmacêutica AstraZeneca. 

Margareth Maria Pretti Dalcolmo 

A Dra. Margareth Dalcomo participou ativamente de pesquisas clínicas, assessoria e divulgação científica durante a pandemia. Sua longa experiência na área de doenças respiratórias foi um dos motivos para o seu destaque no enfrentamento da COVID-19. 

Rosana Richtmann 

A Dra. Rosana foi a única mulher a participar do anúncio da vacina Coronavac, no Instituto Butantan. é médica graduada pela Faculdade de Ciências Médicas de Santos e com doutorado em Epidemiologia Hospitalar pela Albert-Ludwigs Universitat Freiburg (Alemanha). Atualmente é médica do Instituto de Infectologia Emílio Ribas (SP), e diretora científica do departamento de infectologia do Centro de Imunização do Hospital e Maternidade Santa Joana (SP).  Trabalha no Instituto de Infectologia Emílio Ribas, na linha de frente da COVID-19, Dra. Rosana foi voluntária dos testes clínicos da vacina da Pfizer no Brasil. 

É com muito orgulho e admiração que mulheres seguem se destacando na área da saúde frente ao combate da Pandemia da COVID-19. Nossa admiração e reconhecimento a todas as pesquisadoras que constroem a ciência no Brasil e ajudam a salvar vidas diariamente. #MulheresnaCiência  

Fontes: Arquivo Nacional; CNPq; Dicionário Histórico Biográfico; Ibict; Fiocruz; Museu do Inconsciente; Pastoral da Criança; SBPC; Wikipedia e Liseane Morosini  

LOPES, B. P. 8 cientistas brasileiras que se destacaram no combate à COVID-19. Blog do Profissão Biotec. V.8, março/2021. Disponível em: <https://profissaobiotec.com.br/8-cientistas-brasileiras-no-combate-a-covid19/> 

Categoria: VIBEE UNIMED

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