Quando a execução é pura ilusão

08/01/2025

Nem sempre o foco nas entregas de um plano significa que estamos caminhando na direção que precisamos.

Tenho percebido o quanto a “execução” passou a ganhar importância no dia a dia das empresas. Eu mesmo sou um aficionado por execução e normalmente sou um daqueles defensores da frase “feito é melhor que perfeito”, mas estava lendo esse final de semana e me deparei com uma citação que fez muito sentido.

É preciso ter muito cuidado para não executar com maestria um plano que não leva a lugar nenhum.

Que baita frase!

Adaptei ela um pouco pra conseguir significar o que eu fiquei pensando, mas na prática ela nos convida a ser mais críticos com os planos que nos propomos a colocar em execução. Ora, fazer um planejamento minucioso de ações e executá-las não significa necessariamente que ele vai dar certo. (Quando dar certo = gerar o resultados que queremos).

E não quero de nenhuma forma tirar a importância de ter a habilidade de execução presente nas equipes. Ter um time que “executa” é algo incrível porque nos coloca em movimento para testar as hipóteses que desenhamos e vê-las funcionando (ou não) na prática. O oposto a um time que executa é aquele que fica rodando, rodando, tentando “validar” tudo antes de fazer qualquer coisa e nunca sai do lugar.

Meu questionamento aqui é pra aqueles momentos nos quais pendemos a balança somente para a execução e não nos damos conta de que, mais importante que estar em movimento, é estar na direção correta. Ou seja, é melhor estar indo devagar na direção certa do que a 100 km/h na direção errada.

Mas então quais são os bons planos?

Os planos precisam gerar valor para a organização, mas não é raro encontrar empresas que estão com 100% das ações “entregues” e quando vai olhar a última linha não houve o retorno que era esperado com aquilo.

E aí a pergunta: será que aquelas ações que estavam desenhadas tinham a capacidade de gerar o valor que estava sendo esperado? Ou foram simplesmente listadas por serem o que a equipe tinha a capacidade de entregar naquele momento?

Ter a compreensão do que precisa ser feito para atingir determinado objetivo é parte fundamental para desenhar qualquer plano de ação. Parece super óbvio isso, mas não é. Se der uma olhada com mais profundidade vai ver coisas do tipo:

  • Reunião para alinhamento das prioridades;
  • Check point sobre andamento dos trabalhos;
  • Report para diretoria sobre andamento das atividades;
  • Conversa com áreas X, Y e Z para avaliar os impactos das novas atividades;
  • e bla bla bla.

Percebe que é fácil chegar no final do ano e ter todas essas atividades marcadas como concluídas e em nenhum momento o que era crítico para chegar no número foi estabelecido. Fica um quadro lindo, mas que na prática não levou a nada. (E não pensem que isso acontece só com empresas estabelecidas… cansei de ver startup com planejamentos desse tipo).

Por isso que quando olhamos para qualquer tipo de planejamento precisamos entender claramente qual é o resultado que desejamos alcançar. Não queremos “fazer 10 reuniões para discutir sobre os novos produtos que vamos lançar”. Queremos lançar 2 novos produtos com capacidade de faturamento de 10 milhões de reais.


E por fim, mas não menos importante, ter sempre em mente que planos existem para serem alterados. Sempre digo que a única certeza dentro de um Business Plan é que ele está errado (para mais, ou para menos). Quando você está trabalhando com novas hipóteses é impossível prever precisamente o que vai acontecer e é preciso saber viver com isso.

Os planejamentos servem como um guia para você não navegar no escuro, mas precisam ser revisitados e alterados caso se perceba que não estão nos levando para onde desejamos.

O planejamento é inútil, mas planejar é fundamental.

Ou seja, o “movimento” de estar constantemente avaliando o que se planejou é o que importa.

“Bah Zanatta, mas tu tá dizendo pra revisitar todos os meses nosso planejamento?”

Não, não é isso que estou dizendo. Dependendo da empresa e da fase que ela está você vai precisar fazer isso toda semana. Em outras poderá fazer a cada 6 ou 12 meses. Meu ponto aqui é deixar claro que isso precisa ser feito para evitar planos obsoletos.

E pra fechar, fica sempre de reflexão a frase que o CEO da Nokia:

Nós não fizemos nada de errado, mas de alguma forma perdemos.

Os planos da Nokia deviam ser lindos e provavelmente foram seguidos à risca, mas não foram capazes de levar a empresa para onde o mercado estava indo e hoje a empresa é vista como um titã que simplesmente desapareceu.

Que essa reflexão possa ajudar no processo de fazer ou rever os planejamentos para 2025!

Rafael Zanatta

Categoria: VIBEE UNIMED

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